Pela primeira vez a flip realiza duas oficinas literárias durante a sua programação. Elas contemplam um par de facetas bem distintas do homenageado deste ano.
A vida como ela é
Muito provavelmente, ninguém na história da imprensa brasileira gastou tanto os dedos datilografando crônicas como Nelson Rodrigues, que as escreveu dos 13 anos até a sua morte. Poucos chegaram próximo de sua excelência,
seja em textos sobre o cotidiano, como os da famosa coluna “A vida como ela é”, seja sobre futebol, em seções como “À sombra das chuteiras imortais”.
Para falar sobre esse legado, sobre os demais autores importantes no gênero e dar pistas de como tornar-se um deles, a Flip convidou dois dos melhores cronistas do país, Joaquim Ferreira dos Santos e Arthur Dapieve.
Cariocas, terra onde viveram os maiores praticantes desse gênero, os dois têm diversos pontos em comum: a longa carreira como repórter, a experiência de crítica de música, a autoria de punhados de livros e o fato de assinaram colunas de crônica no mesmo jornal, O Globo. Os dois vão trabalhar a quatro mãos na Flip e desafiar os alunos da oficina a escreverem
crônicas rodrigueanas sobre Paraty. Joaquim, organizador de As cem melhores crônicas brasileiras, promete fazer uma nova edição do livro se as coisas forem bem com os seus alunos da Flip.
Nelson Rodrigues e as tragédias cariocas hoje
A segunda oficina literária trabalhará um tema igualmente capital na vida e na obra de Nelson Rodrigues: a tragédia. Só o conjunto de oito peças chamadas de “Tragédias Cariocas”, que inclui obras como O beijo no asfalto, Toda nudez será castigada e Perdoa-me por me traíres, já inscreveria o dramaturgo na história como o grande autor do teatro moderno brasileiro. Foi esse universo que a responsável pela oficina, Sonia Rodrigues, resolveu transplantar para o Rio de Janeiro de hoje, e para o formato “contos”. Jornalista, escritora, autora de mais de vinte livros, doutora em literatura e oficineira de farta experiência, ela dividiu sua oficina em duas partes. Uma delas, realizada somente por internet, começou antes da Flip, e continuará até o fim de julho.
A chamada oficina presencial, o nome diz, acontecerá durante a Festa de Paraty. As melhores narrativas oriundas da atividade serão premiadas.