Flip 2011 – A crítica como escrita criativa ou do cricri ao crítico

O que se espera de um texto de crítica literária? Para alguns, todos os artigos, resenhas ou ensaios críticos, principalmente aqueles difundidos pela imprensa, são apenas textos opinativos e infundados, refletindo a atitude acrítica do julgamento de valor, que decreta a aprovação (ou não) e a subsequente promoção (ou não) de um livro ou de seu autor. Alguns até podem ser, mas não são “críticos”. São, quando muito, textos “cricri”. 

A grande questão a ser discutida nesta oficina é exatamente o que caracteriza uma postura crítica frente a uma obra de arte. Trabalhando as diferentes formas de abordagem possíveis à produção artística – sintetizadas em paráfrase, comentário, interpretação e análise –, os participantes serão levados a ler criticamente a própria crítica e a produzir textos a partir de suas leituras das obras que lhes serão apresentadas.

A leitura e a produção de textos críticos permitirá o aprofundamento no exercício da crítica, que consiste em localizar a obra no universo das ideias, detectar influências, filiações, estilos, apontar o que a obra apresenta de redundância ou inovação, colocar-se na pele do autor e desvendar seu método. Só então, depois de fazer a obra falar por si mesma, pode-se propor uma avaliação subsidiada e consciente – sempre comprometida com o leitor e o artista, que devem esperar da crítica o comentário da maneira, do engenho, da criação, do mecanismo (e não aprovação e promoção).

Ao final dos encontros, os participantes da oficina poderão entender por que Herbert Read imaginou que a crítica seria inspirada por uma “décima Musa”. E, espera-se, travarão com ela fértil diálogo.